quinta-feira, 24 de abril de 2008

UMA NOVA GUERRA DO PARAGUAY ?

Pedro Holanda

Realmente, o Jornalista Paulo Henrique Amorim tem razão. A grande mídia brasileira tem o dom de: desinformar, distorcer os fatos, criar crises, e por fim insultar a inteligência de parte da população brasileira minimamente esclarecida.
O bispo recém eleito presidente do Paraguay, Fernando Lugo, falou que pretende rever o acordo sobre a Itaipu bi-nacional – maior hidroelétrica do mundo.
Além do caso da menina Isabella, que esgotou a paciência tal qual foi e está sendo a voracidade com que cita os telejornais, vem agora com a idéia de que o Governo brasileiro vai se ferrar com o Paraguay, igual como com a Bolívia – E neste caso o mundo não acabou – Ficam especulando sem qualquer embasamento, só tentando de alguma forma desestabilizar o Governo.
Eu poderia discorrer aqui sobre o assunto, porém para não parecer que defendo incondicionalmente o Governo, vou reproduzir parte da entrevista de João Camilo Penna, dada ao sitio Conversa Afiada, por si só esclarecedora.

João Camilo Penna – Eu estive por oito anos no Conselho de Itaipu, portanto conheço relativamente bem o assunto. O problema é o seguinte: o tratado de Itaipu é a garantia, é a base para os financiamentos internacionais de Itaipu, que foram assumidos pela Eletrobrás. Nós estamos falando de qualquer coisa na faixa de US$ 20 bilhões, que é financiado pela Eletrobrás, que ela levantou em mercados internacionais e financiou Itaipu ao Brasil e ao Paraguai. Então, o tratado é intocável. É intocável porque ele é a garantia desse empréstimo. São empréstimos muito grandes, muito pesados e o tratado é intocável por essa razão simples. Não se pode mexer no tratado. Qualquer mexida no tratado teria que ser negociado novamente com o financiador, não se pode mexer. Então, o tratado é intocável. Mas, de outro lado, eu acredito que o Brasil possa fazer alguma coisa mais para cooperar com o Paraguai nesse processo de novo mundo. Talvez uma nova linha de transmissão de Itaipu até Assunção, que não existe. Isso é importante. Talvez até o próprio BNDES financiar o Paraguai em alguns investimentos brasileiros ou paraguaios, que aumentem o desenvolvimento paraguaio. Isso não seria doação, seria um financiamentos a empresários privados brasileiros e paraguaios. Cabe algumas indústrias no Paraguai, talvez mesmo até produção de álcool no Paraguai. E várias outras coisas que o Brasil pode fazer no sentido de tomar parte no processo de desenvolvimento do Paraguai, inclusive no sentido de reduzir a assimetria do Mercosul. Então, eu acredito que o Governo brasileiro poderá, sem fazer paternalismo, cooperar com o desenvolvimento paraguaio, como, aliás, já vem fazendo desde o tempo do Juscelino. O Juscelino devolveu ao Paraguai a espada de Solano López. Esse é um dado interessante. O Juscelino promoveu também a ligação direta do Paraguai ao porto de Paranaguá, que estabeleceu o direito de travessia livre no Brasil para ir ao porto de Paranaguá. Então, cabe algumas medidas brasileiras no sentido de reduzir as assimetrias. Eu, então, faria, como eu disse, linhas de transmissão para Assunção e também faria financiamentos brasileiros e paraguaios através do BNDES.
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